domingo, 2 de fevereiro de 2014

O amor e suas peripécias

Estava no seu quarto. Que praticamente um dia já foi nosso. Eu não queria vir. Na verdade, eu queria. Eu não queria era vir aqui, me apaixonar mais ainda e ter que ir embora.
Lembro-me da primeira vez que entrei ali. Estávamos imersos numa onda de paixão e loucura. Perdidos nos braços um do outro.
Eu olhava ao redor daquele ambiente aconchegante, que me afastava do mundo exterior. E me fazia sentir como se nada mais importasse.
No quarto havia um banheiro, e da minha área vip podia ve-lo saindo de lá, com os cabelos molhados,enrolado com uma toalha do Snop que eu tinha dado a ele, que dava a impressão de másculo-fofo, que por sinal ele adorou secretamente,mesmo dizendo que era afeminado. Admirava seu corpo que era um canto sagrado. Ele vinha e me abraçava e me pedia faz-um-lanche? e eu já propunha um banquete nupcial. Ele me pedia umas horas do dia e eu já queria décadas juntos. Ele me pedia um tiquinho de qualquer coisa e eu já vinha com temporadas completas. Deve ser isso. Meu erro é mergulhar de cabeça.
Volto os meus pensamentos ao tempo presente. Olho para suas roupas espalhadas pelo quarto, que eu costumava arrumar.
Sua coleção de livros organizadas na estante, a maioria eu que já tinha lido e discutimos sobre cada um deles.
Pego uma bolsa e recolho minhas coisas,que um dia já foram peças únicas e permanentes daquele lugar. Paro na sua escrivaninha e pego um porta retrato que continha nossa foto. Estávamos sorrindo e nossos abraços se encontravam.
Devolvo-a para o lugar onde estava.
Estou indo embora,mas paro na porta olhando uma última vez aquele quarto e querendo ser o mundo dele novamente.

Reciprocidade

Enquanto eu a olhava dormir e fazia um cafuné em sua cabeça, me perguntei se merecia aquilo. Se aquela pessoa me merecia. Posso estar soando...